sexta-feira, 3 de maio de 2013

Critica por Manuel Dias


Trabalho, Trabalho, Trabalho, depois… Trabalho, Humildade, Dedicação, Entusiasmo, Amor, Paixão, Persistência, Interrogação, Crença, Vontade, etc, etc… Falo de Ana del Rio. Creio que, com estas simples palavras, definiria um pouco da personalidade desta Artista que é produto dela mesma, duma convicção inabalável, que luta contra todas as adversidades e insuficiências naturais, para além de ter de combater com a sua tenacidade, a barreira quase intransponível que é o afirmar-se como criadora num mundo onde impera o preconceito, a discriminação, o snobismo canibalesco, capaz de triturar uma montanha.
Não quero deixar de me associar a mais esta mostra do trabalho de Ana del Rio, pois conheço e acompanhei de perto a sua evolução, desde os primórdios da sua aventura como artista. Começou medrosamente com a cópia de trabalhos de imagens de consagrados, recriando-os e aprendendo com eles, utilizando ferramentas simples como o lápis, a borracha, para mais tarde, usando a cor do guache, do acrílico ou do óleo, saciar a sua avidez de reproduzir, num suporte, cenas do quotidiano, natureza morta ou a paisagem de um céu num fim de tarde.
Frequentou cursos, aulas particulares e sobretudo uma presença em tudo quanto é expressão artística, fundamentalmente exposições, numa procura permanente de recolher, cada vez mais, formação e informação para a sua prática do fazer.
A frase “um por cento de inspiração e noventa por cento de transpiração” aplica-se perfeitamente a Ana del Rio cuja miragem e sonho se confundem num abraço, que a auto-surpreendem mas não a inebriam, começando a ter contornos mais definidos que a obrigam a ser cada vez mais rigorosa e responsável pelo seu trabalho, e a interrogar-se permanentemente.
Mas é isso, minha cara, este túnel não tem saída nem luz ao fundo, é a utopia, é a paixão que devora mas nos faz viver.

Manuel Dias
Escultor, Professor na Faculdade de Belas Artes
da Universidade do Porto

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