Trabalho, Trabalho, Trabalho,
depois… Trabalho, Humildade, Dedicação, Entusiasmo, Amor, Paixão, Persistência,
Interrogação, Crença, Vontade, etc, etc… Falo de Ana del Rio. Creio que, com
estas simples palavras, definiria um pouco da personalidade desta Artista que é
produto dela mesma, duma convicção inabalável, que luta contra todas as
adversidades e insuficiências naturais, para além de ter de combater com a sua
tenacidade, a barreira quase intransponível que é o afirmar-se como criadora
num mundo onde impera o preconceito, a discriminação, o snobismo canibalesco,
capaz de triturar uma montanha.
Não quero deixar de me associar a
mais esta mostra do trabalho de Ana del Rio, pois conheço e acompanhei de perto
a sua evolução, desde os primórdios da sua aventura como artista. Começou
medrosamente com a cópia de trabalhos de imagens de consagrados, recriando-os e
aprendendo com eles, utilizando ferramentas simples como o lápis, a borracha,
para mais tarde, usando a cor do guache, do acrílico ou do óleo, saciar a sua
avidez de reproduzir, num suporte, cenas do quotidiano, natureza morta ou a
paisagem de um céu num fim de tarde.
Frequentou cursos, aulas
particulares e sobretudo uma presença em tudo quanto é expressão artística,
fundamentalmente exposições, numa procura permanente de recolher, cada vez
mais, formação e informação para a sua prática do fazer.
A frase “um por cento de inspiração
e noventa por cento de transpiração” aplica-se perfeitamente a Ana del Rio cuja
miragem e sonho se confundem num abraço, que a auto-surpreendem mas não a
inebriam, começando a ter contornos mais definidos que a obrigam a ser cada vez
mais rigorosa e responsável pelo seu trabalho, e a interrogar-se
permanentemente.
Mas é isso, minha cara, este túnel
não tem saída nem luz ao fundo, é a utopia, é a paixão que devora mas nos faz
viver.
Manuel Dias
Escultor,
Professor na Faculdade de Belas Artes
da
Universidade do Porto
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